Black Friday: porque dizemos não?
Sustainability

25 Novembro 2021

Black Friday: porque dizemos não?

Black Friday: porque dizemos não?

Este ano, vamos explorar a verdade escondida da Black Friday. De burlas à moda antiética, há muita coisa por desvendar.


A Black Friday de 2021 chegou. O evento mundial marca a época inaugural da temporada de compras natalícias com significativas promoções que visam apelar ao comércio de massas. À primeira vista pode parecer um bom negócio esperar pelo dia em que os preços são reduzidos de forma dramática para fazermos as nossas compras. No entanto, é mais complexo do que parece.


A NAE Vegan Shoes sempre adotou por remar contra esta corrente. O statement #NoBlackFriday personifica a nossa oposição à cultura do consumismo e da fast fashion, dois fenómenos exponencialmente glorificados durante o evento mundial. Afinal, precisamos mesmo da BlackFriday?

 

A origem: da crise ao excesso

 

A festividade inaugurada pelos Estados Unidos rapidamente se alastrou pelo resto do mundo. Foi nos anos 2000 que o fenómeno se assumiu como o dia com maior volume de compras do ano. Esta época viu também a oficialização do nome, que passou a ser associado a uma grande baixa dos preços um dia após o Dia de Ação de Graças norte-americano. 


Mas o termo “Black Friday” (sexta-feira negra) tem origens bem mais remotas do que o início do século XXI. O History Channel conta-nos que o termo foi utilizado pela primeira vez a 24 de setembro de 1869, associado a um crash da bolsa de Wall Street.


Jay Gould e Jim Fisk foram os autores do fenómeno: os dois impetuosos bolsistas uniram-se para tentar comprar o máximo de quantidade de ouro do Estado para o venderem posteriormente a preços mais elevados. O golpe fracassou e o mercado entrou em bancarrota, afetando desde os mais pequenos agricultores aos poderosos barões de Wall-Street. É curioso perceber que a origem do termo está associada a um crash financeiro, algo totalmente antagónico à abundância que o evento representa hoje.

 

Há quase dois anos que assistimos ao fechar de portas de negócios locais por todo o mundo e à quase paralisação de inúmeros setores da atividade económica. Os níveis de desemprego dispararam e o poder de compra diminuiu drasticamente. Agora que a economia começa a recuperar, poderíamos pensar que a Black Friday é uma parte essencial desta recuperação. No entanto, é falacioso cair nesta narrativa. 

 

Os riscos reais por trás da Black Friday

 

Já existem pessoas suficientes incapazes de suportar dívidas contraídas na compra de bens que não precisam, simplesmente por não saberem comprar de forma consciente. Para além disso, a queda drástica e momentânea de preços apenas cria mais discrepâncias dentro dos setores que aderem à Black Friday, resultando na concentração desequilibrada dos lucros. 


Person using Apple laptop and holding credit card


E seja qual for o fator económico que apresentemos, qualquer um ganha especial destaque no contexto da crise económica que vivemos este ano. As grandes superfícies que beneficiam da Black Friday não partilham este privilégio com as pequenas lojas de comércio local – _as que mais foram afetadas pelo ciclo económico negativo da pandemia. 


A Black Friday, tal como a conhecemos, acaba por trazer muitos riscos desnecessários, desde ajuntamentos nas lojas e centros comerciais (não nos esqueçamos que ainda vivemos numa pandemia) até desacatos e surtos de violência. Há um forte apelo para que os clientes optem pelo e-Commerce durante a Black Friday e a Cyber Monday. No entanto, esta realidade traz inúmeros riscos de cibersegurança associados ao marketing enganoso, fraude e roubos online. Todos adoramos uma boa oferta de negócio, mas é de extrema importância estarmos bem informados e seguros antes de navegar pelo comércio online. 


Algumas marcas chegam a subir os preços uns dias antes para que, quando chega a Black Friday, possam vender os produtos ao preço normal enquanto o fazem parecer um negócio imperdível. Quer gostemos quer não, somos muito mais suscetíveis ao marketing do que pensamos.

  

Porque dizemos #NOBLACKFRIDAY?


O ímpeto consumista da Black Friday apela à compra supérflua e impulsiva que, muitas vezes, é feita sem necessidade. O evento é totalmente contra aquilo que o comércio sustentável e a moda circular nos ensinam. A Black Friday simboliza o modelo de negócio de produção, consumo e descarte rápido. Tal como a fast fashion, o conceito do evento assenta na ideia das tendências sazonais e voláteis. 


As marcas de fast fashion produzem roupas para que fiquem fora de moda, percam forma ou se estraguem rapidamente. Quanto mais barato é algo, mais barato foi produzi-lo. Nenhum bem material é de graça. A narrativa da fast fashion diz-nos que “estar na moda” equivale a seguir as tendências, o que leva o consumidor a ter de comprar novas peças e itens de forma frequente. A Black Friday acaba por preconizar esta mentalidade de consumo, ao provocar o aumento drástico da procura após uma baixa geral dos preços. Ora, se aumenta a procura por parte dos clientes, também terá de aumentar a oferta por parte dos fornecedores. 


A necessidade de oferta elevada leva à produção em massa, que acentua inúmeras outras problemáticas pelo caminho: as condições éticas de trabalho ficam mais suscetíveis de serem infringidas; aumenta a acumulação de resíduos nos aterros que poluem o ar que respiramos; e a exploração animal é intensificada de forma a cumprir os prazos de produção.

 

Não ceder ao consumismo compulsivo e aderir a campanhas mais sustentáveis ou solidárias é o primeiro passo. Comprar somente aquilo que necessitamos é uma das inúmeras formas de aplicar o minimalismo nas nossas vidas.


Minimalist autumn and winter clothing on rail


Por isso, se precisa mesmo de comprar alguma coisa e espera encontrar um bom negócio na Black Friday, temos algumas dicas que o ajudarão a navegar neste evento.


Como posso ser um consumidor consciente durante esta Black Friday?

 

Tente não se sentir sobrecarregado com a pressão consumista e stress incutidos pela Black Friday.  Aqui estão algumas perguntas que pode fazer a si mesmo antes de decidir se deve ou não fazer uma compra:

 

  1. É necessário?  Eu quero isto, ou eu preciso disto?
  2. É significativo? Consigo pensar em várias ocasiões nas quais vou conseguir usar este produto? (Pode também calcular o seu custo por desgaste)
  3. É simples? É versátil o suficiente para sobreviver durante alguns anos (ou estações) no mundo da moda?


Estas são questões racionais que requerem respostas racionais. No entanto, muitas pessoas usam a experiência das compras como um mecanismo de cooperação emocional ou uma forma de terapia. Para obter respostas verdadeiramente perspicazes e profundas, temos de olhar para o nosso interior. Antes de fazer uma compra, pergunte-se a si mesmo:

 

  • Como me sinto hoje? 
  • Aconteceu algo entusiasmante recentemente? 
  • Sinto-me vulnerável? 
  • Sinto-me empoderado? 
  • Sinto-me envergonhado? 
  • Como me sinto comigo mesmo hoje? 

 

Ao entendermos as origens do nosso comportamento, podemos entender melhor se estamos a comprar por um mero desejo, uma necessidade real ou se estamos apenas a tentar preencher um vazio dentro de nós que nunca será satisfeito com coisas materiais.

 

Dito isto, vamos comprar de forma consciente e segura?


Esperamos que tenha um dia incrível!

A Equipa Nae

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